terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A vaca esfomeada




Era um dia quente e seco de primavera, parecia que as estações do ano tinham sido invertidas e o verão tinha chegado mais cedo. A preciosa erva que servia de alimento à vaca adquirira um tom castanho escuro, já não lhe servia de alimento.
Tinham passado uns dias desde que se tinha perdido da quinta onde vivia e onde a comida lhe era fornecida sem ter de se preocupar, mas agora isso era a sua grande preocupação. Caminhava há horas e a paisagem era sempre a mesma, desértica. Nem uma plantinha que pudesse ser comida!! A sua esperança era encontrar alguém que generosamente a alimentasse. Vencida pelo cansaço, decidiu descansar à sombra de uma árvore quando, de repente, passou um comerciante de vinhos que se dirigia para a feira. O humilde comerciante, ao avistá-la, teve uma ideia brilhante, levava a vaca consigo e trocava-a por umas moedas de ouro. A vaca pensou que ele fosse a sua salvação.
O comerciante colocou a vaca à venda juntamente com o vinho, mas a sorte não parecia estar do lado deles. No fim dessa rua desértica não havia ninguém a quem vender os vinhos ou a vaca, que continuava esfomeada e o comerciante não estava com intenções de a alimentar e gastar as suas poucas moedas de ouro, que lhe restavam. A sua ideia era ter lucro e não prejuízo.
E aí, nessa rua deserta, a vaca esfomeada devorou as poucas moedas de ouro do comerciante para matar a fome… e nem pediu perdão…
Não sentiu remorso porque ele nem uma ervinha lhe tentou arranjar. Ele tentou vendê-la para sobreviver e ela achou que seria justo comer o que ele tinha para poder matar a sua fome e sobreviver.
   Assim, o comerciante ficou sem as suas queridas moedas de ouro e ela sem saciar a sua fome, porque na realidade as moedas não passavam de simples metal que não lhe enchiam a barriga.

Maria Cabral

A fuga



Tudo começou quando um grupo de amigas caiu num poço escuro. O poço tinha vinte metros de altura e tinha apenas um terço de água. As amigas vinham das compras. Traziam alimentos, bebidas… pois iam fazer uma festa! Eram a Inês R., a Helena, a Bia, a Mariana, a Lili, a Inês S., a Belinha e a Joaninha.
De repente, iam a passar pelo belo jardim e caíram no poço fundo. Lá havia apenas água e escuridão. Tentavam ligar para pedir socorro, mas tentativa falhada pois não havia rede; tentavam gritar mas ninguém as ouvia. Começavam a ficar desesperadas!
Por coincidência, o professor, cujo nome era Carlos, gostava de ir para o jardim corrigir testes. Já cansado de o fazer (e visto que os erros dos alunos eram tantos!) decidiu parar. Ia dar um passeio pelo jardim. Foi para o lado errado, o lado do poço! E devido à distração, estresse, também caiu lá dentro.
Como o grupo de amigas estava cheio de fome, estavam a pensar seriamente em devorar/cozinhar o professor.
Assim, e para surpresa das amigas, lembraram-se que tinham comprado fósforos e panelas. Iam conseguir cozinhar o professor Carlos! Como era verão e estava bastante calor o poço acabou por secar, com o passar dos dias, o que lhes facilitou o trabalho, pois assim conseguiam acender os fósforos e pôr as panelas ao lume. Quando já estava tudo a postos para cozinhar o professor um imprevisto aconteceu! Este não deixava que o cozinhassem. Mas como as amigas eram oito, achavam que tinham mais força que uma só pessoa (o professor). Mas não!
Desesperadas, tiveram de arranjar uma solução para sair de lá. Surgiu uma ideia! Como a água ainda estava a ferver, a Lili (que era a mais pequena do grupo) foi lá, discretamente, e atirou  água no professor. Ele ficou a queixar-se e foi o suficiente para se distrair e elas poderem escapar! Só o atingiram, ao de leve, na perna impossibilitando-o de andar.

Elas, já “livres” do professor Carlos, fizeram uma escada humana e desataram a fugir!


                                                                                                                                        Inês Ribeiro

Uma aventura no Oceano



No meio do oceano Atlântico, a milhas da superfície, nas belas, azuladas e profundas águas do oceano, apareceu um dia um atum magro, com cerca de dez quilos, de uma cor raríssima. Era azul como o oceano! Era um atum cansado e esfomeado, pois as suas apetitosas lapas tinham desaparecido, de um dia para o outro.
Aquele petisco começara a desaparecer quando um vírus mortal as infetara. A fome era negra, por isso mordeu a primeira coisa que lhe apareceu à frente! Um pássaro recém-nascido, muito pequeno, apetitoso e amarelo, como o sol. Só tinha um defeito, era pequenino e mal dava para matar a fome.
           Abriu a boca, já preparado para o comer, mas só conseguiu mordê-lo. Começou a pensar que era um animal indefeso e filho de alguém e desatou a fugir, com pena dele.
Continuou cheio de fome, mas recusava-se a comer um ser indefeso, como aquele passarinho.
           


                                                                                                                                                                André Ferreira,  nº4

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Aventura em casa da minha avó


      Num dia solarengo estava em casa da minha avó, sentadinha no sofá, de pano com formas geométricas estampadas. Observei a sala e reparei que apesar dela ter um aspeto de velhinha normal, quem a conhece e à sua casa, muda de opinião. É mesmo muito maluca!!!
       Tem as paredes pintadas de verde e lilás e uma coleção enorme de livros, chapéus e miniaturas de elefantes. Afinal o elefante é o animal da sorte e o seu animal preferido.
        A porta que dá acesso ao terraço estava completamente escancarada (a minha avó tem esse vício!) e, de repente, uma menina que parecia estar perdida entrou pela sala dentro. Parecia até ser de outro país, pois trazia uma cauda de sereia e um sapato preso à cabeça com dois cordões.
         A minha avó estava muito concentrada a ver um programa de tatuagens e até ela, que tem uma prótese na anca, se levantou num salto e ficou sem reação. A menina observando a infinita coleção de livros decidiu gozar com um livro de capa dura com adornos dourados.
Os livros quando são gozados ganham vida e enfurecem-se muito depressa. Sendo gozado, o livro deu um murro à menina deixando-a atordoada e foi embora sem se desculpar.
        Ela não tinha percebido que era um livro de contos de fadas. 


                                                                                     Mariana Duarte